Hoje, às 21.30, no Auditório Beatriz Costa, debate sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez
Com as presenças de:
Pelo SIM:
Luís Moita (Movimento "Responsabilidade e Cidadania pelo SIM";
Paula Teixeira da Cruz (PSD);
Pedro Nuno Santos (Movimento "Jovens Pelo Sim" e Secretário Geral da Juventude Socialista);
Luís Moita (Movimento "Responsabilidade e Cidadania pelo SIM";
Pelo NÃO:
Cátia Sá Guerreiro ("Mulheres em acção")
Isilda Pegado ("Não Obrigada");
João César das Neves;
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Um dos últimos argumentos a favor do ‘Não’ no referendo para a despenalização da IVG, tem sido, ultimamente, o de que o número de abortos vai aumentar exponencialmente e também que, de forma mais ou menos consequente, os índices de natalidade vão baixar (mais ou menos, na razão inversa, imagino...).
Primeiro, vieram as razões ético-religiosas, que, pelos vistos, já não captam mais apoios, depois os argumentos financeiros (os nossos impostos não podem servir para fazer IVGs), a seguir mostraram-nos ecografias com corações a bater, mais tarde veio a eloquente comparação com a pena capital e até a defesa entusiástica da actual lei (eu pensava que eles se tinham oposto, mas parece que não – esta lei é, afinal, perfeita!), até que agora pouco mais lhes resta do que tirarem da cartola o argumento dos números.
A primeira dúvida que este argumento me levanta é a do respeito pelo rigor semântico: quando se fala em ‘aumento’ não temos que pressupor que o número futuro será maior do que o actual?! Pois, também me parece que si... Então, mas isso implica que se conheça o número actual?! Pois... Mas as IVGs praticadas em Portugal são todas clandestinas?! e, mesmo as que são feitas fora do país, também não me parece que constem de nenhum registo estatístico oficial... Logo, o mais que podemos ter é uma estimativa aproximada dos números (a não ser que os Senhores e Senhoras do 'Não' controlem uma espécie de máfia organizada do aborto clandestino e tenham, por isso, números exactos). Também não é difícil supor que essa mesma estimativa esteja subestimada... Logo, quando se comparam valores subdimensionados com números reais, é natural que se verifique um aumento. E por aqui já se começa a evidenciar a honestidade e rigor estatístico do argumento...
Mas há mais... Quando se pensa que a despenalização implicará automaticamente um aumento do número de IVGs, temos que admitir que a penalização é o principal factor inibidor da sua prática. Ah!, muito bem!... Temos então umas quantas mulheres, totalmente irresponsáveis e levianas, mas muito medrosas, que, só para não correrem o risco de serem presas, lá vão tendo os filhos (embora sem vontade nenhuma...)... Assim que estas mesmas mulheres (e certamente muitas mais) perceberem que o cutelo da prisão não mais se coloca sobre as suas cabeças, desatarão que nem loucas a interromper voluntariamente as suas gravidezes e, perante tanta animação, até não me custa a crer que engravidem mesmo, de propósito, só para terem o prazer de a seguir provocarem um aborto. É que para as mulheres, não há melhor coisa no mundo! Mas cuidado, não se atrasem!, porque é só até às 10 semanas!
E assim se dá o aumento!
Apetece-me perguntar: e os homens?, que mudanças comportamentais lhes provocará a despenalização? (Que disparate o meu! O que é que os homens têm a ver com isto?!)
Mafalda Carvalho
Enviar um comentário