sábado, 3 de fevereiro de 2007

Revista de imprensa: o caso de Maria Ester

Maria Ester esteve internada três semanas em hospital de Viseu
Referendo: apoiantes do “sim” lembram caso de mulher que morreu após aborto
03.02.2007 - 17h20, daqui.

Defensores da despenalização da interrupção voluntária da gravidez apresentaram o caso de uma mulher que morreu em Viseu, depois de ter abortado clandestinamente, como um “mau exemplo” do que poderá continua a acontecer em Portugal caso o “não” vença o referendo do próximo dia 11.

Em 2000, Maria Ester, de 32 anos e mãe de dois filhos pequenos, "terá feito uma manobra de interrupção da gravidez", dando entrada no Hospital de São Teotónio "com uma disfunção multi-orgânica”, contou a médica Ana Paula Viana, durante uma conferência de imprensa promovida pelos movimentos Médicos pela Escolha e Viseu pelo Sim.

Na altura, a médica trabalhava na Unidade de Cuidados Intensivos onde Maria Ester esteve internada durante três semanas e cujos profissionais de saúde foram "incapazes de controlar as complicações" que ela sofria.

Ana Paula Viana sublinhou o “custo incalculável” da vida de uma “mulher que trabalhava e que deixou de existir”, a que se junta o de ter estado "três semanas internada num serviço de alta tecnologia". Por isso, disse não entender o argumento dos apoiantes do “não” quando falam nos custos que o Serviço Nacional de Saúde terá de suportar caso os hospitais passem a efectuar abortos.

Segundo a médica, o custo do internamento de Maria Ester "foi seguramente muito mais elevado do que dezenas de procedimentos de interrupção voluntária da gravidez que poderiam ser assegurados pelo Serviço Nacional de Saúde", sem risco para a saúde das mulheres.

Ainda hoje, acrescentou, não se sabe ao certo de que forma Maria Ester, uma pessoa com recursos financeiros limitados, realizou o aborto, supondo-se que tenha "ingerido uma substância tóxica".

"Este é apenas um pequeno exemplo num universo perfeitamente desconhecido", afirmou a clínica, explicando que a criminalização do aborto leva as mulheres a não admitirem que o fizeram e os médicos a terem “algum cuidado com os registos que fazem”.

"Talvez quando o 'sim' ganhar possamos registar de forma mais isenta essas situações, possamos ter uma perspectiva mais real. Agora, no Serviço Nacional de Saúde, registos fiéis não existem", disse.

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