Quer acabar com a humilhação das mulheres em tribunal
Padre Manuel Costa Pinto: "Eu voto 'sim' sem qualquer dificuldade"
07.02.2007 - 23h04, daqui
Manuel Costa Pinto, padre de Viseu, disse hoje que votará "sim" no referendo do próximo domingo, porque entende que deve acabar a humilhação das mulheres em tribunal e o "verdadeiro infanticídio" a que obriga a lei actual.
O padre Manuel Costa Pinto, de 79 anos, defende que a mulher deve ser libertada "dessa coisa vergonhosa que é o julgamento" e também do castigo da prisão, dando o exemplo de Jesus Cristo, que perdoou a adúltera.
"Jesus disse 'aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra' e ficou apenas ele e a mulher. Então acrescentou: 'eu não te condeno, vai, e não tornes a pecar'. O nosso magistério, papas e bispos, não pode esquecer isto", considerou o padre Manuel Costa Pinto.
Por outro lado, o padre afirmou não compreender como "pessoas sensatas" podem alhear-se do "verdadeiro infanticídio" que muitas mulheres cometem depois do nascimento dos filhos.
"Mulheres com medo"
"Mulheres com medo, que não têm dinheiro para ir para o aborto clandestino e muito menos para o estrangeiro, disfarçam a gravidez até ao parto. Vão para uma casa de banho, sai uma criança, aí sim, já uma criança, metem-na num saco e deitam-na ao caixote do lixo, ao esgoto ou até no campo", disse também aquele padre de Viseu.
Na sua opinião, estas situações só acontecem "por causa da lei que existe actualmente", sendo que, nestes casos, já considera existir um crime, porque, se o bebé nasceu com vida, "é uma pessoa com personalidade jurídica".
"Eu voto 'sim' sem qualquer dificuldade. Não tomo esta atitude de ânimo leve, sei a minha responsabilidade como católico e como padre", frisou Manuel Costa Pinto, acrescentando não ter receio de ser excomungado.
"Já estive suspenso 17 anos por escrever um livro sobre o celibato a defender que os padres se deviam casar. Hoje já toda a gente diz isso, mas naquele tempo [início da década de 70] fui só eu", contou o padre.
Manuel Costa Pinto considera que o Evangelho, com o exemplo de Jesus Cristo, bastaria para justificar a sua opinião, mas, no entanto, preferiu também apontar as posições tomadas ao longo dos tempos para sustentar que, ao se despenalizar a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, não estará sequer a falar-se de um "ser humano".
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Revista de imprensa: "Padre Manuel Costa Pinto: "Eu voto 'sim' sem qualquer dificuldade"
Etiquetas:
aborto clandestino,
católicos pelo sim,
humilhação,
imprensa,
medo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário